Sunday, September 9, 2007

Amigos de infância...



Carta dirigida a um actual administrador de uma conhecida empresa Portuguesa:

Caro Paulo,
Não sei se te lembras de mim, mas andámos juntos na escola Portuguesa em Kinshasa, no Zaire e fomos grandes amigos numa certa época, bem que os anos -por assim dizer- nos tenham afastado um pouco.

Lembras-te do velho Manuel Morteiro, o professor de Ciências? 
E o dia em que ele pegou fogo à barba com o bico de Bunsen? 
E como o pequeno Nuno tentou apagá-lo com ácido sulfúrico?
E os agradáveis passeios de Domingo à noite ao longo do rio, quando nós nos embriagávamos da magnificência do por do sol e fumávamos cigarros às escondidas?

Mas é importante não nos perdermos em sonhos... 
Na verdade estou a escrever-te para te pedir se podes conceder um qualquer lugar na tua firma ao meu filho Jorge, que acaba de sair da escola.
Como tu deves saber, eu próprio sou artista e não tenho nenhum contacto no mundo dos negócios,

Esperando que estejas de boa saúde,

A. Santos

Resposta do Paulo Catrino:

Caro Senhor Santos,

Tenho a agradecer-lhe a sua carta de ontem, mas lamento não haver maneira de lhe prometer coisa alguma para o seu filho.

Envergonho-me dizê-lo mas não consigo, de forma alguma, encaixar o Senhor na minha memória: Mas na verdade, a nossa escola era grande e passou-se muito tempo depois depois de então.

Claro que se tivesse oportunidade, ficaria encantado em prestar serviço a um velho companheiro, mas os negócios ultimamente têm sido escandalosamente maus que nós estamos mais inclinados a reduzir pessoal que o contrário.

Compreenderá o Senhor, que nestas circunstâncias não o posso ajudar.
Com os melhores cumprimentos,

Paulo Catrino

Resposta à carta do Paulo Catrino:

Caro Paulo,

Lamento que não possas fazer nada pelo rapaz.

Estou também um pouco desiludido que não te consigas lembrar de mim.

Não te lembras do tempo em que roubaste um pudim de geleia da cozinha e o escondeste na minha cama? Eu nunca o esquecerei...

Tenta puxar pelos teus miolos, meu velho e vê se não podes evocar a minha imagem, tenho o nariz assaz comprido e os cabelos situam-se entre o ruivo e o castanho claro.

A propósito, se não podes tu mesmo arranjar um lugar ao rapaz, conheces talvez uma outra empresa que tenha vagas.

Suponho que mencionei estar disposto a pagar um subsídio de €15.000 para lhe proporcionar um bom começo.

Fraternalmente,

A. Santos

Resposta do Paulo Catrino:

Meu caro António,

O que deves pensar de mim?...
Foi por teres assinado A. Santos que me confundiste. 
É óbvio que éramos demasiado amigos para empregar nomes de família.
Como se eu pudesse esquecer esse pudim de geleia ou os cigarros de Domingo à noite!

Evidentemente que posso conseguir um lugar para o teu filho na minha empresa e acredito que haverá poucas firmas onde ele terá melhores perspectivas,

Tudo do melhor,

Paulo Catrino

Contra resposta do António Santos:

Meu caro Paulo,

O facto é que eu, nem tenho um filho nem €15.000.

Simplesmente no outro dia aconteceu cruzar-me com o gordo Joaquim da Binza e fizemos uma aposta quanto a se tu serias a mesma pequena fera mercenário que eras em rapaz...

Ganhei eu, claro está.

Sinceramente teu,

A. Santos




Uma paródia criada por Alexandre Chamusca em homenagem a alguns amigos de infância e ex-colegas do colégio de Kinshasa (05/05/2007)

Wednesday, July 4, 2007

ADEUS ÁFRICA!



Levado pela maré que para teu ouro corria:


Mal nascia viajei
A juventude te dei
E as tuas gentes amei.
Escolhi ofício e trabalhei
E da guerra fugi e voltei.
Por tantas coisas passei
E tais perigos enfrentei
Que por vezes eu julguei
Que minha vida findava e em tua terra morria.


De Kinshasa a Kisangani
De Kisangani a Luanda
São caminhos do teu corpo
Que meu pensamento demanda.

África és berço, fogo e água
Congo és de vulcão, lume e negra enfeitiçados
Zaire, rio de vida e morte
A força tens, dos que finaram desgraçados.

África de tão loucos anseios
Berço meu, continuado.
A jamais longe de ti,
Me ligo neste sentir magoado

África és mulher fatal
Que enfeitiças os teus amantes
E que de teus encantos,
Guardas os estranhos distantes

Tuas medonhas trovoadas
Tempestades e chuvas fortes
São sinais dos próprios deuses
Que de ti lançam nossas sortes.

Em escaldantes noites de luar
Dos tam-tans, a repercussão
Punha o povo em danças loucas
Como se morrer fosse, de exaustão.

Os teus filhos, em luta pelo sustento
Sem ser esse seu pendor:
Lutam em guerra, de vida ou morte,
Numa batalha de dor.

O bom povo congolês, expoliado,
Humilhado e sofredor
É gente boa. Descuidada
E paciente. Pouco dada ao rancor.

África, terras misteriosas
Berço da humanidade
Que ouro e causas religiosas
Puxam à barbaridade.

Os olhos dos teus feitiços que outrora me fascinavam
Perderam o brilho de então
África, estás sofrendo e só aos teus próprios deuses
Tu deves pedir salvação.

De tuas noites, recordo o perfume
E das alvoradas, o clamor na floresta.
Ao pôr do Sol, o rio vejo de teu sangue clorido,
Por sobre suas águas em festa.

Os ásperos e vivos cheiros
Das comidas em teus mercados
São odores em harmonia
Com os corpos negros, suados

África, feiticeira formosa
Este coração que moldaste
Diz adeus aos teus encantos
Tu, que a minha vida enfeitiçaste.


Adeus, Minha África: Adeus!


Luis Chamusca
1998

Tuesday, June 12, 2007

Saber comprar...



A essência do conhecimento está em saber onde procurar...

A razão da escolha deve estar em quem se deve confiar...


Dideros
20/12/2006

Friday, April 13, 2007

Causa efeito...



Os efeitos não deixam de existir só pelo facto de serem ignorados...

Aldous Huxley

O que é mais precioso...



As coisas que mais importam nunca devem estar à mercê das coisas que menos importam...

Goethe

Em círculo...




Todos nós vivemos demasiado em círculo...


Goethe B. Disraeli

Realização pessoal...



O que há de melhor numa coisa nova é aquilo que satisfaz um desejo antigo...


Paul Valéry

O que se precisa...



O homem não se conhece o suficiente para medir aquilo de que precisa...


Corrado Alvaro

A critica profissional...



É ridículo um homem criticar o trabalho de outro se não se distinguiu pessoalmente na mesma área...

Joseph Addison

O Futuro...


O futuro dependerá daquilo que fizermos no presente...

Mohandas Gandhi

Sunday, April 1, 2007

Para ti...

Um sonho de criança...


Ainda ontem eras uma criança
Que simplesmente procurava
Um lindo sonho de esperança
E simplesmente não o encontrava

Um sonho não é realidade
E sem querer, deixaste de procurar
Mas o que hoje é verdade
É que sem querer, foste encontrar
O tal lindo sonho de criança
Que te alimentava então a esperança

Eu tenho uma história parecida
Só com uma pequena diferença:
A realidade, hoje tenho esquecida
E contigo vivo, um sonho de criança


Alexandre Chamusca
1992

A minha Serra



É como uma fera
É quase como o mar...
A morte nos espera
Em qualquer lugar

Ela é enorme
Ela é perfeita
É multiforme
Mas a nós sujeita

Linhas nela traçamos
E nela alguns habitam
Juntos dela troçamos
Mas percorrê-la muitos evitam

É bela e pura
Por ela tenho amor
Do amor ela me cura
Com amor e sem dor

Nela gosto de dormir
Nela gosto de passear
Nela de tudo posso fugir
E a ela me confessar

Da Estrela dizem que é
Pouco importa se o é
Embora não seja da terra
Digo que é a minha Serra


Alexandre Chamusca
1985

Correspondência



Na noite ninguém repara
O negro buraco que separa
O terno amor de duas criaturas
Que sonham por relações futuras

Um desejo sem barreiras
Sem propósitos nem maneiras
Que a vida traz e leva
Passando-se do Sol para a Treva

A distância faz o dano
No simples prazo de um ano
Em que nele se encontram vidas
Que traem as promessas pedidas


Alexandre Chamusca
1984

Tuesday, March 13, 2007

OS HEBREUS OU JUDEUS NA PALESTINA



   Artigo de Opinião
Por: Alexandre Chamusca

Por volta de 2000 AC, diz-nos a Bíblia, uma tribo de pastores Hebreus de raça semítica deixou a Mesopotâmia sob a condução de Abraão para se estabelecer na Palestina à beira do rio Jordão. Estes pastores viveram pacificamente naquele local governados pelos descendentes de Abraão até que, por ocasião de uma grande crise, emigraram para o Egipto, onde um deles era primeiro ministro do Faraó, e por lá se instalaram, acabando por serem escravizados pelos autóctones.

Foi Moisés que, por volta de 1300 AC, os libertou e os conduziu de volta à Palestina depois de terem vagueado como nómadas cerca de 40 anos pelo deserto.

Depois da morte de Salomão, filho de David, os Judeus dividiram-se em dois reinos : Israel com a capital em Samaria, e Judá com a capital em Jerusalém.
Em 722 AC, Israel caiu nas mão dos Assírios. Nabucodonosor destruiu Jerusalém em 586 AC e levou os hebreus cativos para a Babilónia.

Quando Ciro, o grande rei dos Persas, se apoderou do segundo império da Babilónia, os Hebreus foram autorizados a regressar à Palestina.

Em seguida, sob Alexandre, foram subjugados pelos Gregos e, por último, foi a vez dos Romanos que, em 70 da nossa era, massacraram grande parte do povo Judeu e destruíram Jerusalém e o seu Templo.

Os Judeus que escaparam ao massacre foram então expulsos da Palestina e dispersos pelos quatro cantos do mundo.

Foi só em 1948, após séculos de perseguições e massacres, que o povo Judeu voltou à Palestina onde fundou uma nação a que chamou: Estado de Israel.

Nenhum outro povo teve uma influência no nosso mundo como os Hebreus, mais tarde chamados Judeus ou Israelitas.

Essa influência deve-se à sua religião de que o Império Romano se assenhorou e nos impôs, na forma do cristianismo (também ele judeu). Com efeito : o Deus Pai, antes de ser nosso Deus (associado ao Cristo, seu Filho) foi, durante dois mil anos, o Deus único e todo poderoso do povo judeu.

Religiosamente, é costume considerar os Judeus como uma raça amaldiçoada por Deus e, historicamente, como um povo sem carácter.

Porém, a Bíblia ensina-nos que, dentre todos os povos existentes na altura, o povo Judeu foi o povo eleito por Deus (antes o não tivesse sido), e a História revela-nos uma realidade muito diferente da ideia que predomina entre nós acerca do carácter do Judeu.

A História Judaica é um exemplo do inconformismo de um pequeno povo, dotado de uma tenacidade extraordinária, com características próprias, bem vincadas e quatro mil anos de existência, (nós, que somos antigos, nem 1000 temos!) lutando com denudo e grande coragem, ao longo de milénios contra o domínio de grandes potências e contra o infortúnio que fez que Deus (nosso Pai) o colocou naquela zona estratégica do globo (“A Terra prometida”).

Após a leitura da História Judaica, temos de pôr de parte as ideias preconcebidas que nos apontam os Judeus, não como um povo semelhante a tantos outros, mas como esquisitos bandos de fanáticos religiosos feitos para, fora das épocas em que são queimados ou gaseados, vaguear pelo mundo e apanhar na cara.

Se temos orgulho nos heróis que fizeram a nossa História, a História Judaica é, tanto ou mais que a nossa, um relato de coragem, abnegação e, como nos é dado classificar os feitos históricos que nos enaltecem, é toda ela feita de heroísmo, do mais elevado.

Porém, pouca gente se dá ao trabalho de a ler, optando antes pelo “conceito ovídeo”, que condena o Judeu porque Deus nosso Pai (que hoje apelidamos, paradoxalmente, de Bondade infinita) e, nessa altura era apenas Deus e Pai dos Judeus, num dos seus inúmeros acessos de cólera, os amaldiçoou e lhes fez saber que haviam de ser dispersos pelo Mundo ou ainda, porque o povo Judeu matou Cristo (na altura não era conveniente dizer que tinham sido os Romanos !).

Porém, herdámos Cristo (que elegemos Deus) do Povo Judeu, e esse Cristo nasceu judeu, filho de uma judia, —cresceu, viveu e morreu : sempre em solo Judeu— e, quando o resto do mundo já existia, pregou exclusivamente para o Povo Judeu.

Ademais, se era desígnio de Deus morrer na cruz, quem pode ir contra os desígnios de Deus ? —Por certo que: nem Romanos, nem Judeus.

Perante tudo isto, e tendo lido a História Judaica, eu não entendo a maneira de ver as coisas e o Mundo, como a maioria dos meus compatriotas. Nem tão pouco posso concordar com a condenação sistemática do povo israelita no conflito israelo-árabe, … e ficar a bem com a minha consciência.

Os Árabes e os Judeus são “primos” como nós dos Espanhóis. Palestinianos, tanto são os Árabes como os Judeus pois, há 4000 anos, já ambos co-habitavam na Palestina. O famoso Herodes, rei dos Judeus, que reconstituiu o Templo de Jerusalém (destruído pelos Assírios) e perseguiu o menino Jesus, era de descendência Árabe.

Sempre que pugno a favor dos Judeus, sinto-me de imediato, a pregar no deserto e parece não interessar a ninguém procurar ver por si próprio, nem tão pouco, inquirir do lado contrário ao convencional.

Porém quando, acerca do conflito palestiniano, eu ouço as razões invocadas e verifico o desprezo votado pelo futuro do povo israelita, fico em crer que sou dos poucos a resistir ao apelo do sangue árabe que temos em nós.

Passada a média idade, o adulto que não leu a Bíblia e a História Judaica, por certo, que não as vai ler por minha causa.

Então, eu direi para terminar que : Já que mais não fosse, só pelo facto de sermos cristãos e de termos (pela mão da nossa Santa Madre Igreja) acusado e condenado —bem injusta e cobardemente— os judeus, ao longo dos séculos em que eles vagueavam pelo mundo, sem eira nem beira —indefesos— depois de terem sido expulsos pelos Romanos da sua terra : a Palestina, deveríamos “agora que crescemos em sabedoria e bondade” procurar emendar os erros do passado e optarmos por uma atitude amiga em relação a esse povo, compreendendo que, depois de tanto sofrimento em terras alheias por falta da Pátria que lhes foi roubada, os Judeus tudo façam —agora que a recuperaram— para a não voltarem a perder.

E mais, … pondo a mão na consciência e os olhos na vida eterna, deveríamos abster-mo-nos de hostilizar o povo que nos trouxe o Deus que temos e a quem nós pagámos com injúrias, tormentos e mortes horrendas, às centenas de milhar.


Alexandre Chamusca

ROBAIYAT

Omar Khayyam

Poète et Astronome du XIème Siècle


Boire du vin, prendre du bon temps, voici ma règle.

Ne pas me préoccuper ni de créance, ni de croyance, voilà ma religion.

À cette fiancée qu'est le monde, j'ai dit : "Que veux-tu pour douaire ?"

Elle m'a répondu : "La tranquillité de ton cœur."

Tout le monde sait que je n'ai jamais murmuré la moindre prière. Tout le monde sait que je n'ai jamais essayé de dissimuler mes défauts. J'ignore s'il existe une Justice et une Miséricorde ... Cependant, j'ai confiance, car j'ai toujours été sincère.

Je ne me préoccupe de savoir si nous avons un Maître et ce qu'il fera de moi. (M’enivrer est mon souci et mon grand plaisir).

Toi qui me lis, considère avec indulgence les hommes qui s'enivrent. Dis-toi que tu as des défauts, toi aussi.

(Si tu es un sage) fais en sorte que ton prochain n'ait pas à souffrir de ta sagesse. Ne t'abandonne jamais à la colère. Et, si tu veux t'acheminer vers la paix définitive, souris au Destin qui te frappe. Et, domine-toi : ne frappe personne.

"Pensées Profondes"

Le vaste monde est un grain de poussière dans l'espace. Toute la science des hommes: des mots. Les peuples, les bêtes et les fleurs des sept continents: des ombres. Le résultat de notre perpétuelle méditation : un grand zéro.

Au-delà de la Terre, au-delà de l'Infini, je cherchais à voir le Ciel et l'Enfer. Une voix m'a dit, solennelle, ne cherche pas : "Le Ciel et l'Enfer sont en toi."

Oublie que tu devais être récompensé hier et que tu ne l'as pas été. Sois heureux ! Ne regrette rien. N'attends rien. Ce qui doit t'arriver est écrit dans le Grand Livre que feuillette au hasard, le vent de l'Éternité.

Ô cœur, puisqu’en ce Monde, au fond, tout est chimère,
Pourquoi tant de soucis devant ce long calvaire ?

Tu appréhendes ce qui peut t'arriver demain ? Sois confiant, autrement l'infortune pourra justifier tes craintes. Ne t'attache à rien pour en savoir plus long, ne questionne ni livres, (ni cartes), ni gens. Notre destinée est insondable.

Sais-tu, seulement, si tu pourras achever la phrase que tu vas commencer ? Demain, nous serons peut-être loin de ce caravansérail, et pareils à ceux qui ont disparu, il y a sept mille ans. Alors …

Amuse-toi ! D’avance on régla ton destin
En marquant pour tes vœux, un mépris souverain.
Vis donc joyeux ! Hier, sans que tu le demandes,
On a déjà fixé tes actes de demain.

Ma chevelure est blanche. J'ai soixante-dix ans.
Tu as déjà trop attendu, réagis ! Saisis l'occasion d'être heureux aujourd'hui, car tu n'en auras peut-être plus la force, demain.

Qu’est-ce donc que ce Monde ? Un Séjour Provisoire
Où sans cesse le jour succède à la nuit noire.
C’est nous qui contemplons aujourd’hui ces verdures;
Ah! Qui contemplera sur nos tombes les fleurs ?

Le vent du Sud a flétri la rose dont le rossignol chantait les louanges. Faut-il pleurer sur la rose, ou sur nous ? Quand la Mort aura flétri nos joues, d'autres roses s'épanouiront.

Pénètre-toi bien de ceci: un jour, ton âme et ton corps périront, et tu seras poussé derrière le voile qui flotte entre l'univers et l'inconnaissable. En attendant, sois heureux ! Tu ne sais d'où tu viens. Tu ne sais pas où tu vas.
Nous ignorons tous deux les secrets absolus.
Ces problèmes jamais ne seront résolus.
Il est bien question de nous derrière un voile;
Mais quand il tombera, nous n’existerons plus.

Admettons que tu aies résolu l'énigme de la création. Quel est ton destin ?
Admettons que tu aies pu dépouiller la Vérité de toutes ses robes. Quel est ton destin ?
Admettons que tu aies vécu cent ans, heureux, et que tu vives cent ans encore. Quel est ton destin ?

Comme une boule, au gré de la Fatalité,
Roule à droite et tais-toi, quoique à gauche jeté,
Pauvre homme, car celui qui t’amène en ce Monde,
Lui seul, Lui seul, Lui seul connaît la vérité !

Conviction et doute, erreur et vérité, ce ne sont que des mots aussi vides qu'une bulle d'air —qu’irisée, ou terne— est l'image de la vie.
Il faut aimer ! Qu'il est vil ce cœur qui ne sait pas aimer, qui ne peut s'enivrer d'amour ! Si tu n'aimes pas, comment peux-tu apprécier l'aveuglante lumière du soleil et la douce clarté de la lune ?

Si, comme Dieu, j’avais en main le Firmament,
Je le démolirais sans doute promptement,
Pour bâtir à sa place, enfin, un nouveau Monde,
Où, pour les braves gens, tout viendrait aisément.

Les sages et les savants les plus illustres ont, de toujours, cheminé dans les ténèbres de l'ignorance. Pourtant, c’étaient les flambeaux de leur époque.

Qu'ont-ils fait ? Ils ont prononcé quelques phrases confuses et se sont à jamais endormis.

Nous amusons le Ciel, pauvres marionnettes !
(Sans nulle métaphore … oh, les choses sont nettes !)
Un à un nous rentrons au coffre du Néant,
Après avoir joué, sur Terre, nos saynètes.

Je me demande ce que je possède vraiment. Je me demande ce qui subsistera de moi. Notre vie est brève comme un incendie. Flammes que le passant oublie, cendres que le vent disperse: un homme a vécu.

Il y a longtemps que ma jeunesse est allée rejoindre tout ce qui est mort. Ô printemps de ma vie, tu es là maintenant, où sont les temps passés. Tu es parti sans que je m'en aperçoive, tu es parti comme s'évanouit l’éphémère douceur du printemps.

Le livre des beaux jours, hélas finit trop vite.
Déjà le doux printemps d’allégresse nous quitte.
Cet oiseau de gaîté dont Jeunesse est le nom,
Je ne sais quand il vint, ni quand il prit la fuite.

On parle du Créateur... Il n'aurait formé les êtres que pour les détruire ! Parce qu'ils sont laids ? Qui en est responsable ? —Parce qu'ils sont beaux? … Je ne comprends plus ...

Seigneur, tu as placé mille pièges invisibles sur la route que nous suivons, et tu as dit: "Malheur à ceux qui ne les éviteront pas !" Tu vois tout, tu sais tout. Rien n'arrive sans ta permission. Sommes-nous responsables de nos fautes ? Peux-tu me reprocher ma révolte ?

Après avoir sculpté les êtres, mains divines,
Pourquoi brisez-vous donc ces pauvres figurines ?
Vous les avez crées. Pourquoi donc les casser ?
Est-ce leur faute enfin de n’être pas assez fines ?

Sommeil sur la terre. Sommeil sous la terre. Sur terre, sous terre, des corps étendus. Néant partout. Désert du néant. Des hommes arrivent. D'autres hommes s'en vont.

Ma naissance, à l'univers n'apporta le moindre profit. Ma mort ne diminuera ni de son immensité, ni de sa splendeur. Jamais personne ne m'expliqua pourquoi je suis venu, pourquoi je partirai.

Ils sont passés les jours d’une existence vaine,
Comme l’eau du ruisseau, comme un vent sur la plaine,
Un jour est déjà loin, l’autre n’est pas encore,
Pour ce double néant pourquoi me mettre en peine?

Pour le sage: la tristesse et la joie; le bien et le mal se ressemblent. Pour le sage, tout ce qui a un commencement, a une fin. Alors, demande-toi si tu as raison de te réjouir du bonheur qui t'arrive, ou de te désoler d’un malheur inattendu.

Le bien et le mal se disputent l'avantage. Le Ciel n'est responsable ni du bonheur, ni du malheur que le destin nous apporte. Ne remercie jamais le Ciel et ne l'accuse pas ... Il est aussi indifférent à tes joies qu’à tes peines.

Ni les actes —mauvais ou bons— du genre humain,
Ni le bien, ni le mal que nous fait le Destin,
Ne nous viennent du Ciel, car le Ciel est lui-même
Plus impuissant que nous à trouver son chemin.

Écoute ce que la Sagesse te répète sans cesse: "La vie est brève. Tu n’es pas comme les plantes qui repoussent après être coupées."

Tu sais que tu n'as aucun pouvoir sur ta destinée. Pourquoi l'incertitude du lendemain te cause-t-elle de l'anxiété ? Si tu es un sage, profite du moment actuel. L'avenir ? Qui sait ce qu’il t'apportera ?

Hier est déjà loin; à quoi bon y penser ?
Demain n’est pas venu; pourquoi gémir d’avance ?
Laisse ce qui n’est plus ou qui n’est pas encore;
À l’instant même prends ta part de jouissance !

Cette voûte céleste sous laquelle nous errons est semblable à une lanterne magique dont le soleil est la lampe. Le monde en est le rideau où passent nos images.

Puisque c’est notre sort, de souffrir et de mourir; ne devrions-nous pas souhaiter de rendre, le plus tôt possible, à la terre notre misérable corps ? Et notre âme, qu'Allah (le Christ) attend —dites-vous— pour juger d’après ses mérites ?
À ce propos et à moins d’être instruit par quelque revenant, n’attendez de moi, ni de personne: d’honnête réponse.

Vidant avidement la cruche, j’ai tenté
D’apprendre les secrets de la longévité.
Et la cruche m’a dit : Bois donc du vin sans cesse.
Nul ne revient au Monde après l’avoir quitté.

Voici la seule vérité. Des jeux d'échecs joués par Allah (Dieu Le Père), nous sommes les pions. Il nous déplace, nous arrête, nous pousse, puis nous lance, un à un, dans la boîte du néant.

Tous les hommes voudraient suivre la route de la Connaissance. Cette route, les uns la cherchent, d'autres affirment l’avoir trouvée. Mais, un jour, une voix criera probablement: "Il n'y a ni route, ni sentier !"

Le ciel à mon oreille a dit, en grand secret :
Ne m’impute donc pas ce que le Destin fait.
Si, dans mon tournoiement, j’avais un mot à dire,
Mon tour de vagabond serait-il ce qu’il est ?

Homme, puisque ce monde est un mirage, pourquoi désespères-tu, pourquoi penses-tu sans cesse à la misère de ta condition ? Abandonne ton âme à la fantaisie des heures. Ta destinée est écrite; aucune rature n’y est permise.

Seigneur, Ô Seigneur, réponds-nous ! Tu nous as donné des yeux et tu as permis que la beauté de tes créatures nous éblouisse ... Tu nous as donné la faculté d'être heureux et, en outre, tu voudrais que nous renoncions à jouir des biens de ce monde ? Rends Toi compte, Seigneur, comme c’est insensé !
D’aucuns cherchent en vain à définir la Foi,
Et d’autres, pris de doute, ont l’âme en désarroi,
Mais soudain va surgir un messager céleste
Disant : Pourquoi ces deux fausses routes, pourquoi ?

Tu ne sauras jamais rien, pauvre homme. Tu n'élucideras jamais un seul des grands mystères. Puisque les religions te promettent le Paradis, aie soin de te créer un Paradis sur cette Terre, car probablement, l'autre n'existe pas.

"Le bruit des tambours ne plait qu'à distance ..." Agis sur des certitudes; repousse les promesses !

Pour moi, le Paradis, c'est un instant de paix.

Si toi, tu veux aussi connaître la paix, la sérénité, (c’est simple : Alors qu’ils sont en toi, ne cherche pas ailleurs le Ciel et l'Enfer), dirige un regard sur les déshérités de la vie, sur les humbles qui gémissent dans l'infortune. Cela te rendra heureux de ta condition (et en paix avec ta conscience).

Sunday, March 11, 2007

Para o Nicolau...



Há quem tenha a felicidade
De expressar em rima
Com imaginação e habilidade
Sentimentos de muita estima

Uma amostra aqui fica
Da minha modesta veia
Para uma biblioteca mais rica
E uma prateleira mais cheia

Manifestações em verso
Num mundo de mortos poetas
Servem de escape ao excesso
Dos eternos jovens patetas
A quem o tempo falta
E a quem a arte desfalca

Para ti, para sentir
Um ensaio arriscado
Um desafio para repetir
Com um adversário motivado


Alexandre Chamusca
07/08/93

Trocadilho...



Tu que me amas, tu que me queres...
Não queres por acaso, amar aquele que tanto te quer?
Se o acaso não for por querer, então faz dele caso e passarás a querer,
Sem querer...

Alexandre Chamusca
16/05/89

Vai um copo?

O que era a vida sem os copos?
Dos copos para os copos,
O que interessa são os copos!
Tirando os copos, o que mais interessa?
A propósito, vai um copo?

AC
16/05/89

Tuesday, January 16, 2007

PESADÊLO

Tristeza, amargura, tédio
O não ligar mais à vida
Faz-me estar neste prédio
Prestes a vê-la perdida

Desesperado e angustiado
No último andar estou
A pensar naquele invejado
E corajoso que dali saltou

As lágrimas correm-me
Porquê e para quê, tudo isto?
Peço aos ventos: empurrem-me!
Pois eu da vida, desisto

O que foi tão perfeito
Para mim é horrível
Hoje está já desfeito
Enquanto digo: impossível

Morreu o que era meu
Morreu o que eu amava
Amor ela me prometeu
Matei-a quando me enganava

Ela deu-me ânsia e desejo
Ela queria-me e eu queria-a
Amor estava no ensejo
E dias depois eu perdia-a

Quem poderia imaginar
Que viesse a encontrar
Ela que o coração me inflama
Com outro qualquer na cama?

Matei e matei os dois
Com ódio e prazer
Arrependi-me depois
Mas nada pude fazer

Encontro-me agora aqui!
Arrependimento e remorsos
Foi o que eu consegui
Trazer como reforços
Para pôr fim ao pesadelo
Que sem querer sofri
E dele só me apercebi
Quando da cama caí...

Caí quando dei o passo
à morte entregue e dado
É coisa que não refaço
Se estiver bem acordado

Em suor encharcado
Vi o pensamento premiado
Pela alegria de vivo estar
E ver um novo dia começar

Dideros
1985