Tristeza, amargura, tédio
O não ligar mais à vida
Faz-me estar neste prédio
Prestes a vê-la perdida
Desesperado e angustiado
No último andar estou
A pensar naquele invejado
E corajoso que dali saltou
As lágrimas correm-me
Porquê e para quê, tudo isto?
Peço aos ventos: empurrem-me!
Pois eu da vida, desisto
O que foi tão perfeito
Para mim é horrível
Hoje está já desfeito
Enquanto digo: impossível
Morreu o que era meu
Morreu o que eu amava
Amor ela me prometeu
Matei-a quando me enganava
Ela deu-me ânsia e desejo
Ela queria-me e eu queria-a
Amor estava no ensejo
E dias depois eu perdia-a
Quem poderia imaginar
Que viesse a encontrar
Ela que o coração me inflama
Com outro qualquer na cama?
Matei e matei os dois
Com ódio e prazer
Arrependi-me depois
Mas nada pude fazer
Encontro-me agora aqui!
Arrependimento e remorsos
Foi o que eu consegui
Trazer como reforços
Para pôr fim ao pesadelo
Que sem querer sofri
E dele só me apercebi
Quando da cama caí...
Caí quando dei o passo
à morte entregue e dado
É coisa que não refaço
Se estiver bem acordado
Em suor encharcado
Vi o pensamento premiado
Pela alegria de vivo estar
E ver um novo dia começar
Dideros
1985
O não ligar mais à vida
Faz-me estar neste prédio
Prestes a vê-la perdida
Desesperado e angustiado
No último andar estou
A pensar naquele invejado
E corajoso que dali saltou
As lágrimas correm-me
Porquê e para quê, tudo isto?
Peço aos ventos: empurrem-me!
Pois eu da vida, desisto
O que foi tão perfeito
Para mim é horrível
Hoje está já desfeito
Enquanto digo: impossível
Morreu o que era meu
Morreu o que eu amava
Amor ela me prometeu
Matei-a quando me enganava
Ela deu-me ânsia e desejo
Ela queria-me e eu queria-a
Amor estava no ensejo
E dias depois eu perdia-a
Quem poderia imaginar
Que viesse a encontrar
Ela que o coração me inflama
Com outro qualquer na cama?
Matei e matei os dois
Com ódio e prazer
Arrependi-me depois
Mas nada pude fazer
Encontro-me agora aqui!
Arrependimento e remorsos
Foi o que eu consegui
Trazer como reforços
Para pôr fim ao pesadelo
Que sem querer sofri
E dele só me apercebi
Quando da cama caí...
Caí quando dei o passo
à morte entregue e dado
É coisa que não refaço
Se estiver bem acordado
Em suor encharcado
Vi o pensamento premiado
Pela alegria de vivo estar
E ver um novo dia começar
Dideros
1985